Carlos Emiliano Eleutério

October 28, 2024

REATORES DE PEQUENO PORTE DEVERÃO SER ALIADOS PODEROSOS NA TRANSIÇÃO ENERGÉTICA

SMRs poderão apoiar a descarbonização da indústria siderúrgica, de cimento, alumínio e

nos transportes

“Os reatores modulares pequenos (SMRs) podem desempenhar um papel crucial na descarbonização de setores de difícil redução de emissões, como as indústrias siderúrgicas, de cimento, alumínio e no transporte marítimo e aéreo, de várias maneiras: fornecimento de calor de alta temperatura; produção de hidrogênio limpo; eletrificação e cogeração; descarbonização do transporte marítimo; fornecimento de energia para processos de captura e armazenamento de carbono (CCUS); transporte aéreo e combustíveis sintéticos.”


Quem garante é o engenheiro nuclear Leonam dos Santos Guimarães, Assessor da Diretoria da Amazul – Amazonia Azul e diretor técnico da Associação Brasileira para o Desenvolvimento das Atividades Nucleares (Abdan). O especialista vai participar do 2º Workshop SMR Brasileiro, nos dias 25 e 26 de novembro, na sede da Seaerj, no Rio.  Segundo Leonam Guimarães, os SMRs têm o potencial de desempenhar um papel transformador na descarbonização de setores de difícil redução ao oferecer fontes de calor de alta temperatura, eletricidade limpa e produção de hidrogênio. Sua flexibilidade, modularidade e capacidade de operar em locais mais diversos tornam-nos particularmente adequados para apoiar a transição energética nesses setores intensivos em carbono.


O SMR BRASILEIRO

O 2º Workshop SMR Brasileiro acontecerá de forma integrada ao Seminário Múltiplas Aplicações da Energia Nuclear e das Radiações, que vai debater os benefícios socioeconômicos e ambientais da tecnologia nuclear e terá como tema central “O projeto do pequeno Reator Modular Brasileiro (SMBR), Aplicações, Licenciamento, Financiamento e Aceitação Pública”.


A proposta é dar seguimento ao debate iniciado no 1º Worrkshop realizado durante o XV SIEN, em agosto, e avançar mais nessa discussão rumo à consolidação do projeto do primeiro SMR Brasileiro. A tecnologia de SMRs e suas possibilidades têm sido amplamente discutida, no Brasil e no exterior, e mais de 80 projetos de SMR estão em avaliação no exterior. Diante da necessidade de conter o aumento da temperatura no planeta, os Pequenos Reatores Modulares (SMRs) ganham papel estratégico nessa corrida contra o tempo.


A tecnologia traz uma mudança de paradigma com grande oportunidade de reduzir o tempo de construção e os custos iniciais de implantação associados às grandes centrais nucleares. Em consequência, levará a uma maior participação da energia nuclear na matriz energética global, com efeitos positivos para atual necessidade de redução de emissões de carbono, com segurança energética pela diversificação das fontes e garantia do abastecimento para atendimento das pessoas e da economia.


Fonte de calor para a indústria

Muitas indústrias, especialmente a siderúrgica e a de cimento, requerem calor em altas temperaturas para seus processos produtivos. Os SMRs, particularmente aqueles projetados para fornecer calor além de geração de eletricidade, como os reatores de alta temperatura (HTRs), podem suprir essa necessidade. O uso de calor nuclear substitui combustíveis fósseis em processos industriais, como a produção de aço e cimento, reduzindo significativamente as emissões de carbono.


A captura e armazenamento de carbono (CCUS) é uma tecnologia que pode ser aplicada em indústrias como a de cimento e siderurgia, mas demanda grande quantidade de energia. SMRs poderiam fornecer a energia necessária para esses processos de forma sustentável, contribuindo para a redução líquida de carbono desses setores.


Os SMRs também podem ser utilizados para gerar hidrogênio através da eletrólise da água ou processos termoquímicos, sem a emissão de carbono, ao contrário da produção de hidrogênio a partir de gás natural (a forma predominante atualmente). Esse hidrogênio pode ser usado como insumo em processos industriais, como na produção de aço com base em hidrogênio (DRI - Direct Reduced Iron), e também como combustível para transporte marítimo e aéreo, promovendo a descarbonização desses setores.


Outro ponto positivo é o fato de que os SMRs podem fornecer eletricidade limpa e calor simultaneamente (cogeração), atendendo a indústrias que demandam ambas as formas de energia. Isso não só proporciona uma fonte de energia livre de carbono, como também pode aumentar a eficiência energética dos processos industriais. A eletrificação de processos industriais intensivos em energia e a substituição de fontes fósseis por energia nuclear pode reduzir consideravelmente as emissões de CO₂.


Descarbonização dos transportes

No transporte marítimo, que depende fortemente de combustíveis fósseis, os SMRs poderiam ser usados para fornecer energia nuclear a embarcações, similar ao que já ocorre em submarinos e navios quebra-gelo. Essa abordagem poderia ser expandida para navios comerciais, reduzindo drasticamente as emissões associadas ao transporte marítimo.


Transporte aéreo e combustíveis sintéticos

Embora o transporte aéreo seja um dos setores mais difíceis de descarbonizar diretamente com energia nuclear, SMRs poderiam apoiar a produção de combustíveis sintéticos, como combustíveis líquidos a partir de CO₂ capturado e hidrogênio produzido com energia nuclear. Isso ofereceria uma alternativa de baixo carbono para a aviação, que atualmente depende de combustíveis fósseis.


Petrobrás, inclusive, já está estudando a possibilidade de usar reatores nucleares modulares de pequeno porte (SMRs) como fonte de energia de baixo carbono para as atividades de produção de petróleo e gás. A informação foi divulgada no Site da Agência EPBR e é parte do esforço da companhia para reduzir as emissões nas operações e ganhar competitividade com a extração de um petróleo com menos emissões associadas. No momento, o trabalho está na fase de levantamento de potenciais rotas tecnológicas e os desafios associados, assim como as potenciais aplicações nas operações.

 

SERVIÇO

INFORMAÇÕES GERAIS:

(21) 3301-3208 / 99699-1954

workshopsmrb24@gmail.com / casavivaoperacional@gmail.com

2º Encontro Sobre as Múltiplas Aplicações da Energia Nuclear e das Radiações

2º WORKSHOP “SMR BRASILEIRO. UMA PROPOSTA”

LOCAL: Sociedade dos Engenheiros e Arqiotetos do Estado do Rio de Janeiro – SEAERJ

Endereço: Rua do Russel, Nº 1, Glória, Rio de Janeiro


27 de novembro de 2024
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22 de outubro de 2021
O Brasil ocupa a 20ª posição no ranking global da ISO (International Organization for Standardization) em certificados de sistemas de gestão e economia de energia, a ISO50001. É o que mostra a mais recente pesquisa divulgada pela entidade, a ISO Survey 2020. No país, 116 empresas e instituições têm a ISO50001. A posição do Brasil na pesquisa global não é muito animadora, segundo avaliação do coordenador do Comitê Brasileiro de Gestão e Economia (ABNT/CB116), Alberto J. Fossa. “Num país com perspectivas de enfrentamento de uma crise energética, é decepcionante o avanço que o Brasil teve desde 2011, quando a norma ISO50001 foi publicada”, disse Fossa. No ranking global, o Brasil está empatado com a Irlanda. A Alemanha é o país com o maior número de certificados: 6436. Outros países do bloco europeu, como Reino Unido, Itália, França e Espanha, também estão nas primeiras posições do ranking.Olhando para os países integrantes do BRICS - grupo de países de mercados emergentes em relação ao seu desenvolvimento econômico-, o Brasil só perde para a África do Sul, que ocupa a 61ª. A China está em 2º lugar no ranking global, com 3.748 certificados, a Índia está em 6º e a Rússia em 18º. Potencial é grande O assunto está no centro dos debates do VI Seminário Nacional de Energias Renováveis e Eficiência Energética que a CASA VIVA vai realizar no próximo dia 25 de novembro, em modo online. O objetivo é debater tecnologias, soluções e experiências que possibilitem o uso mais racional da energia disponível, além do papel reservado às novas fontes renováveis e limpas na matriz energética do País. Aumentar a eficiência energética é hoje tão importante quanto criar novas fontes de geração, e o Brasil precisa ser mais agressivo com esta política, especialmente neste momento de crise hídrica e energética. “Ainda há muito espaço para avançarmos quando o tema é implantação de sistema de gestão de energia. Muitos países do Leste Europeu, com economias bem menores que a brasileira, como Bulgária, República Checa, Croácia e Hungria, estão se saindo melhor que nós. Isso sem levar em consideração o potencial de indústrias e organizações a serem certificadas, dado o tamanho e importância econômica do Brasil”, afirmou Fossa. A pesquisa feita pela ISO, a Survey 2020, mostra uma estimativa do número de certificações válidas em 31 de dezembro de 2020 e inclui 12 tipos de certificações ISO. A ISO50001 é a quinta maior em número de certificados emitidos, com 45.092 certificações. A ISO9001 é a líder, com 1.299.837 certificados em todo o mundo, seguida da ISO14.001, com 568.798. As Inscrições para o VI Seminário Nacional de Energias Renováveis e Eficiência Energética estão abertas em www.eventoscasaviva.com.br Mais informações podem ser obtidas no Site e através do e-mail energiasrenovaveis021@gmail.com e contato@eventoscasaviva.com.br. E também pelos telefones(21) 33013208 / 99699-1954 Fonte: Procel Info Com informações da Abrinstal
5 de outubro de 2021
Crise exige mais agressividade para aumentar a eficiência energética de forma contínua em seu planejamento e evitar futuras crises energéticas Com forte impacto sobre o meio ambiente e o bolso do consumidor, a contratação de novas usinas térmicas, conforme prevê a lei de privatização da Eletrobrás, vai resultar em um aumento de 33% nas emissões anuais do setor elétrico em comparação com 2019, com efeitos não apenas na qualidade do ar, mas também no uso da água. O alerta é do Instituto de Energia e Meio Ambiente (IEMA), que considera inadiável intensificar os esforços de descarbonização, ao contrário do que acontece hoje no Brasil. As térmicas têm sido a única opção do País para enfrentar a ameaça de racionamento gerada pela crise hídrica que tem impacto direto na geração de energia do País, cuja matriz elétrica ainda depende em mais de 60% de usinas termelétricas. E a tendencia é que o problema continue, até que o País consiga suprir com outras fontes limpas e eficientes a perda da capacidade hidrelétrica. Outra prioridade inadiável é incluir a eficiência energética de forma contínua em seu planejamento, para evitar futuras crises energéticas. O tema está no centro dos debates do VI Seminário Nacional de Energias Renováveis e Eficiência Energética que a CASA VIVA vai realizar no próximo dia 25 de novembro, em modo online. O objetivo é debater tecnologias, soluções e experiências que possibilitem o uso mais racional da energia disponível, além do papel reservado às novas fontes renováveis e limpas na matriz energética do País. Ficha caiu para o clima Em meio a mais grave crise hídrica dos últimos 91 anos, com a possiblidade de racionamento batendo às portas dos brasileiros, a “ficha caiu” para a questão do aquecimento global e das mudanças climáticas, que vêm provocando fenômenos climáticos extremos em todo o planeta. Ao lado de fontes de energia de base e firme que possam complementar a geração hidrelétrica de forma sustentável, o País não pode mais prescindir de nenhuma alternativa para ampliar a geração de energia limpa e buscar melhores índices de eficiência energética em todos os setores da economia de forma mais agressiva. A tendência mundial aponta para investimentos em fontes renováveis e nuclear, como recomenda a própria Agência Internacional de Energia, que chega a defender medidas extremas para conter a escalada do aquecimento global, como o investimento “zero” em combustíveis fósseis. O Brasil acordou para a questão nuclear e vem implementando medidas concretas para impulsionar seu Programa como opção. Mas essa alternativa que demanda longo prazo não basta, é preciso investir na geração solar, eólica, biomassa, biogás, hidrogênio etc., cujos índices de produção e consumo vem crescendo e ganhando espaço no País. Indicadores melhoram Privilegiado nesse ponto de vista, no Brasil as fontes renováveis de energia alcançaram uma demanda de 46,1% de participação na Matriz Energética, um aumento de 0,6 ponto percentual em relação ao indicador de 2018, segundo o Ministério de Minas e Energia. As fontes de energia renováveis incluem a hidráulica, a eólica, a solar e a bioenergia. O indicador brasileiro representa três vezes o mundial. A demanda total de energia chegou a 294 milhões tep, mostrando crescimento de 1,4% sobre 2018, acima da taxa do PIB (1,1%), e respondendo por 2% da energia mundial. A energia solar cresceu 92% e a eólica, 15,5%, fontes que, somadas, contribuíram com 50% do aumento da participação das renováveis na matriz. O desempenho do setor de energia em 2019 chama a atenção em três importantes resultados: crescimento do consumo das famílias, renovabilidade e segurança, afirma o MME. O consumo residencial de energia elétrica cresceu 3,5% e o consumo comercial cresceu 4,5%. O de biocombustíveis líquidos no setor de transportes (etanol e biodiesel) teve crescimento de 11%, chegando a uma participação de 25,1% na energia total do setor, indicador oito vezes maior que o mundial. No indicador de segurança energética, o Brasil que historicamente foi dependente de importações de energia até 2017, em 2018 teve superávit de 1,4% e em 2019 este superávit aumentou para 4,9% (produção primária acima da demanda total). Mas os aumentos de 7,6% na produção de petróleo e de 9,5% na produção de gás natural foram determinantes no melhor superávit de energia. Os indicadores fazem parte da Resenha Energética Brasileira de 2020, tendo como fonte de dados o Balanço Energético Nacional do ano base 2019 (edição 2020), concluído pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), com a cooperação do Ministério de Minas e Energia e as Empresas e os Agentes do Setor Energético. Segundo a WNA (Associação Nuclear Mundial, da sigla em Inglês), hoje, 14% da energia elétrica no mundo provêm de fonte nuclear, e este percentual tende a crescer com a construção de novas usinas, principalmente nos países em desenvolvimento (China, Índia etc.). Os Estados Unidos, que possuem o maior parque nuclear do planeta, com 104 usinas em operação, estão ampliando a capacidade de geração e aumentando a vida útil de várias de suas centrais. França, com 58 reatores, e Japão, com 50, também são grandes produtores de energia nuclear, seguidos por Rússia (33) e Coréia do Sul (21). Sinal de alerta No último dia 23 de julho, em audiência pública da CME (Comissão de Minas e Energia) na Câmara dos Deputados, O Ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, descartou a necessidade de racionamento, mas também alertou para a importância de medidas que evitem o risco de apagão em horários de pico e a dependência do próximo período de chuvas. Em 2020, segundo o ministro, a condição dos reservatórios era de normalidade, mas com a diminuição de chuvas entre outubro do ano passado e maio deste ano, 2021 já começou em uma situação pior. Atualmente, os reservatórios das regiões Sudeste e Centro-Oeste, responsáveis por 70% da geração de energia do país, estão com apenas 30,2% de sua capacidade. "Se nós tivermos uma repetição das chuvas de 2020 em 2021, nós podemos chegar. Se nada for feito, há uma condição bastante desfavorável ao final desse ano, em novembro e dezembro, com os nossos reservatórios abaixo de 20%", disse Albuquerque na CME, acrescentando não ser possível comparar a crise atual com as que aconteceram em 2001 e 2014. Como ponto positivo, é importante ressaltar que a a capacidade instalada mais do que dobrou, saindo de 81 GW para 186 GW de 2001 para 2021, acrescentou. A representação da matriz hidráulica era cerca de 85%; hoje ela corresponde a 61%. A matriz também se diversificou bastante, principalmente com energias renováveis.
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